O tempo não se divide e não para 
- existem provas e não há como discordar. 

Dia após dia as folhas tombaram e o inverno cresceu fora e dentro de mim, inúmeras vezes. 
Acreditava no tempo assim como no vento. Nunca o via, sentia passar. 
Enquanto os ponteiros do meu relógio voavam sentia-me aprisionar no solo,
brigando com algo por dentro que dizia que tudo era pouco.
Algo parecia querer contar a verdade, não uma que se precise provar, uma grande o 
suficiente para se acreditar; contaram-me que não se vive o tempo e ele nada importa,
que é a vida que não se divide e não para.
Ela que é nosso diálogo eterno, nossa melhor conversa.
Tempo é só tempo e quando não se vive ele se dispersa, vira acúmulo de segundos.
Os ponteiros do relógio foram caminhando mais devagar, em passos compassados e pude 
ouvir cada uma de suas batidas.
Tudo em volta tornou-se outro, não olhava mais com a pressa de quem
tem para onde ir, como se a vida estivesse esperando somente no minuto seguinte. 
Caminhei instantes dentro de uma noite fria até te encontrar e se qualquer coisa
houvesse me contado, não acreditaria no que aconteceria: contra todas as provas
o tempo se dividiu em dois, as batidas lentas do relógio pararam completamente, não havia mais direção que os ponteiros quisessem tomar, não havia mais outro lugar em que eu quisesse estar. Percebi então que o tempo para quando se consegue amar. 




Nenhum comentário:

Postar um comentário