Estava escrito em uma linha.
Uma linha dessas sem término, que liga uma montanha à outra.
Havia de ter que sentir e assim se fez.
Mas no perceber, foi como um derramar de peças soltas para dentro de mim.
Como se balançassem tudo que aqui havia; um balanço feito das cordas que ligam as montanhas.
Foi um virar pelo avesso. E mesmo tentando, não mais conseguir desvirar.
Questionei o porque e disseram-me que não fazia parte do contrato.
Com voz grave informaram "é terminantemente proibido
e fora dos padrões, deixar de amar".





Derramo pelo vento cada tom de voz que aqui deixaste.
Tiro da sacola os tons todos; um a um jogo-os pelos ares da campina, lentamente, 
com os olhos fechados, para não ver os pedaços de ti que partem.
Junto vão as cores que vieram contigo, cores de outono, 
a cor dos teus olhos - e a sinceridade bonita que via neles e tanto gostava, 
entrega-se ao vento e parte também.
Os sons parecem preferir ficar, mas os lanço o mais longe que consigo. Pois agora o som bonito da tua risada e a calmaria da tua voz, soam atonais. 
Por fim viro a sacola pelo avesso, para que se houver ainda qualquer pedacinho de ti, ali escondido, não volte comigo para casa. 
Numa tentativa desesperada de parecer racional para as pessoas que me observavam pegando nadas com as mãos e jogando nadas ao vento, coloco a sacola no ombro direito e saio andando. Andando com a calmaria que só alguém com uma sacola vazia consegue ter.