Ontem me perguntaram como tenho certeza que existo. Disseram-me que posso ser só um pedaço de memória, alguma vivida em outro tempo. Assim feito uma estrela, que ilumina mesmo depois que se apaga. Ontem quando me perguntaram como tenho certeza que existo, pensei em ti.
Em quando vivia sem tu existir - só existe quem percebemos. 
Pensei no que tu fazia na noite em eu tremia atrás das cortinas do palco antes do meu primeiro recital ou em que eu pensava enquanto tu escrevia teu primeiro poema.  A gente só existe quando conta pra alguém que está ali, quando se deixa perceber. Por isso o mundo tem essa capacidade mágica, pende de um lado para o outro sem que percebamos, obrigando que uma pessoa esbarre na outra. Foi em um desses lados que esbarrei em ti.
Ontem quando me perguntaram como tenho certeza que existo, pensei em ti pois é quando te amo que sinto que existo.





Penso que quando eu for só poeira qualquer dia desses,
uma lembrança da madrugada, só um pouco de nada.
Lembrarei do teu rosto.
E tu, talvez, lembrará do meu.