Em um amanhecer ele percebe que o incômodo da ausência despertou. Sente o envelhecimento de um sentimento ao longo do dia, como quem observa uma árvore na passagem das estações. Sozinhos, seus pensamentos começam a escrever as músicas que antes descreviam momentos. Ele se vê rearranjando palavras escritas, na esperança de que elas lhe digam algo. Querendo encontrar nas entrelinhas, o que ele sabe que não está mais ali. Percebe aos poucos, enquanto olha para as árvores altas e as estrelas que agora brilham no céu - num aviso silencioso, de que recordar é sempre a melhor forma de perceber o que agora nos falta. - que não se deve sussurrar um adeus a quem lhe subtrai dúvidas.
No amanhecer seguinte, com calma, ele tentará o caminho de volta.

Antes

No fundo nós dois sabemos
que esses versos simples
falam apenas de ti.

Deixe deles, comigo
a tua impressão.
E sobre mim,
recair teu olhar.
Deixe que teu sorriso acompanhe o meu,
deixe tua mão cair junto à minha.

No fundo nós dois sabemos
que esses versos simples
falam apenas de como seremos,
sempre, um do outro.