Capela Sistina

É isso que acontece: eu desmaio interiormente, esbarro no senhor que passa e que consequentemente esbarra num próximo, numa sucessão de 'esbarramentos' impressionantes. Em seguida, abre-se uma fenda no chão; o céu se parte em dois e torna-se o teto da capela sistina; as nuvens tocam o chão; as paredes desmoronam e vejo que as árvores que crescem perto do rio estão marchando com milhares de pássaros pousados em seus galhos. E as folhas secas das árvores agora são notas, que uma após outra caem em intervalos dissonantes. E os pássaros param de cantar e o vento desiste de soprar. E por um instante o ar parece não ocupar o seu lugar. E o infinito torna-se finito.
É, é isso que acontece. Mas é provisório, só até acostumar com esse jeito bonito teu de olhar.
Deu pra escutar a batida estranha do meu coração, o passo em falso que ele deu, a coreografia de sapateado inteira que ele resolveu dançar, quando te viu?
Deu pra escutar meus olhos estralando feito água em azeite quente; deu pra ver eles aumentando, brilhando feito sol poente?
Só perguntei por perguntar, porque eu nem me importo. Sem problema se não viu ou viu e fingiu que não viu, sem problema não ter escutado ou fingir não ter escutado. Não me importo se não sabes ou fingi que não sabes.
Acho que no fim, fico bem de saber que não sabes, ou de não saber se finges ou se sabes.