encaro por algum tempo o teto
bem entre a lâmpada e o desenho da madeira

quando criança gostava de ver as marcas na madeira
elas formavam desenhos, um deles parecia uma coruja
e do lado esquerdo do teto eu via uma espada medieval

deitada no sofá, desvio o olhar do teto e enxergo meus pés
em cima da mesa dois vasos de plantas
- e tudo mais que a semana nos permitiu juntar.

quando criança eu deitava no antigo sofá, xadrez, que doía as costas
o teto parecia inalcançável e eu me sentia pequena demais

volto meu olhar para o teto e enxergo as luzes coloridas:
efeito que dá na visão depois de olhar a lâmpada fluorescente por muito tempo.

quando criança ao ver as luzes sentia medo, pensava que era um sintoma de morte

pisco algumas vezes e as luzes começam a desaparecer.
não sou mais aquela criança, mas hoje, novamente, me senti pequena demais.

Guerra

rompe
no instante
instância
em um sopro forte
rompe a distância
o medo de cair
meus olhos imersos nos teus
para a mesma estrada
mesmo quando não te vejo
rompe-se o começo e o fim